Plasma Rico em Plaquetas
A cascata terapêutica da disfunção erétil inclui desde a psicoterapia, alterações do estilo de vida, fármacos aplicados por várias vias, até à colocação da prótese peniana. E através de uma estratégia de partilha de decisão, os doentes não têm obrigatoriamente de percorrer todos estes passos das terapêuticas menos invasivos até às mais invasivas.
Contudo, quase nenhuma destas é capaz de reverter a patofisiologia da disfunção erétil.
Os novos tratamentos mais focados na modificação da doença e na melhoria global da função erétil podem ser a solução, e daí o enorme interesse em explorar o potencial da medicina regenerativa.
Estas passam pelas células estaminais, pelo plasma rico em plaquetas (PRP) e também está incluída a terapêutica por ondas de choque de baixa intensidade.
O PRP tem sido utilizado em outras áreas médicas como na medicina desportiva, estética e na ortopedia, desde 1987.
Usa uma concentração suprafisiológica de plaquetas para promover a cura. A alta concentração de fatores de crescimento contidos nas plaquetas (VEGF, PDGF, EGF, …) pode potenciar a sua ação no recrutamento das células estaminais, modulação da inflamação e estimulação da angiogenese e neurogenese, que são processos fundamentais para a cura tecidual.
E é esta possibilidade de promover a recuperação de tecidos lesados que torna o seu uso tão interessante na DE.
O PRP é obtido a partir de uma amostra de sangue venoso que é processada de modo a obter a parte do soro mais rico em plaquetas, e depois aplicada no corpo cavernoso garrotado durante 20 min.
Há fatores que são importantes conhecer nesta técnica regenerativa:
A ativação plaquetária que permite a libertação dos fatores de crescimento pode ser conseguida pela adição de trombina ou cloreto de cálcio mas pode ser conseguido apenas pela exposição ao colagénio presente nos tecidos.
Contudo o método escolhido vai ter influência nos fatores libertados e na sua cinética e é importante tê-los em conta.
Em modelo animal foi desde logo aparente a melhoria nos parâmetros hemodinâmicos e também a diminuição da expressão do TGF B1 no corpo cavernoso dos submetidos a injeção de PRP.
In vivo estas melhorias também se traduziram na melhoria dos parâmetros clínicos.
Mas só mais recentemente, em 2020, é que obtivemos a melhor evidência da melhoria do score do IIEF5 e SEP em 30 pacientes com DE submetido a 2 injeções mensais de 10 ml de PRP comparativamente a 30 doentes controlo, e esse efeito foi mantido por 6 meses.
Adicionalmente os doentes submetidos a PRP estavam mais satisfeitos com o tratamento e seu resultado em relação ao placebo. Não foram reportados efeitos adversos com o tratamento.