Urologia e Andrologia
Disfunção Eréctil

O que é disfunção eréctil?

A disfunção eréctil (DE) é a incapacidade persistente e/ou recorrente de obter e manter uma erecção suficientemente firme para ter relações sexuais satisfatórias. As estimativas sugerem que um em cada 10 homens irá sofrer de disfunção eréctil em algum momento durante a sua vida.

É importante compreender que na maioria dos casos, a DE é um sintoma de outro problema subjacente. A DE não é considerada normal em qualquer idade, e pode estar associada a outros problemas que interferem com as relações sexuais, tais como a falta de desejo e problemas com o orgasmo e a ejaculação.

disfunsao-erectil-by-nuno-tomada

Quão comum é a disfunção eréctil?

Aproximadamente um em cada 10 adultos do sexo masculino irá sofrer de DE, e torna-se muito mais frequente à medida que o homem envelhece.

Muitos homens experimentam ocasionalmente falhas de erecção, que podem ocorrer por diversas razões, tais como beber demasiado álcool, stress, problemas de relacionamento, ou por estarem extremamente cansados.

A incapacidade de conseguir uma erecção em menos de 20% do tempo não é invulgar e normalmente não requer tratamento. No entanto, a incapacidade de conseguir uma erecção mais de 50% do tempo significa geralmente que existe um problema e que é necessário ser observado pelo seu andrologista.

A disfunção eréctil não tem de fazer parte do processo de envelhecimento. Embora seja verdade que existam alterações importates na sexualidade com o avançar da idade, como, por exemplo, precisar de mais estimulação ou sentir redução da intensidade do orgasmo, ainda assim é possível conseguir uma erecção satisfatória e desfrutar das relações sexuais.

SINTOMAS E CAUSAS

O que causa a disfunção eréctil (DE)? A DE pode ser causada por uma série de factores, incluindo:

Doenças vasculares: O fornecimento de sangue ao pénis pode ficar bloqueado ou estreitado como resultado de doença vascular como a arteriosclerose (endurecimento das artérias), muitoas vezes resultado da diabetes ou da hipertensão arterial.

Perturbações neurológicas (como a esclerose múltipla): Os nervos que enviam impulsos para o pénis podem ficar danificados por derrames, diabetes, ou outras causas.

Estados psicológicos: Estes incluem stress, depressão, falta de estímulo nos centros cerebrais e ansiedade de desempenho.

Trauma: Uma lesão peniana, com eventual fratura do pénis, pode contribuir para o aparecimento de DE.

Doença crónica, certos medicamentos, e uma condição chamada doença de Peyronie podem também causar disfunção eréctil. Cirurgias  para a próstata, bexiga e cancro do cólon podem também ser factores que contribuem para a doença.

Que medicamentos podem causar disfunção eréctil (DE)?

A disfunção eréctil (DE) é um efeito secundário comum de uma série de medicamentos prescritos. Embora estes medicamentos possam tratar uma doença ou condição, ao fazê-lo podem afectar hormonas, nervos ou a circulação sanguínea, resultando na DE ou aumentando o risco de DE.

Se sofrer de DE e pensar que pode ser um resultado da medicação que está a usar, não deixe de tomar a medicação. Se o problema persistir, contacte o seu médico e ele ou ela poderá prescrever uma medicação diferente.

Os medicamentos que mais frequentemente podem apresentar DE como um potencial efeito secundário incluem:

  • Diuréticos (fármacos que causam aumento do débito urinário).
  • Anti-hipertensores (medicamentos para a tensão arterial elevada).
  • Anti-histamínicos.
  • Antidepressivos.
  • Medicamentos contra a doença de Parkinson.
  • Antiarrítmicos (fármacos para o ritmo cardíaco irregular).
  • Tranquilizantes.
  • Relaxantes musculares.
  • Anti-inflamatórios não esteróides.
  • Antagonistas dos receptores de histamina H2.
  • Hormonas.
  • Medicamentos de quimioterapia.
  • Medicamentos para o cancro da próstata.
  • Medicamentos anti-convulsivantes.


Outras substâncias ou medicamentos recreativos que podem causar ou conduzir a DE incluem:

  • Álcool.
  • Anfetaminas.
  • Barbitúricos.
  • Cocaína.
  • Marijuana.
  • Metadona.
  • Nicotina.
  • Opiáceos.


Estas drogas não só afectam e muitas vezes suprimem o sistema nervoso central, mas também podem causar danos graves nos vasos sanguíneos, levando a uma DE permanente.

Como é que a depressão e a disfunção eréctil estão relacionadas?

Para alguns homens, a depressão pode ser a origem do aparecimento da disfunção eréctil (DE), mas é muito comum que a DE seja por sua vez o fator iniciador de estados depressivos. É comum que homens com DE se sintam zangados, frustrados, tristes, inseguros de si próprios, ou ainda menos “másculos”. Tais sentimentos podem levar a uma falta de auto-estima e, em casos graves, a uma depressão. 

A depressão que acompanha a DE é tratável. O primeiro passo para abordar as suas preocupações sobre a depressão relacionada com DE é ser honesto consigo próprio, com  a sua parceira(o), e com o seu médico. Após a depressão ter sido assumida, lidar com ela será mais fácil e menos stressante. 

DIAGNÓSTICO E TESTES

Porque há uma variedade de causas de disfunção eréctil, existem vários testes diferentes que o seu andrologista pode utilizar para diagnosticar a condição e determinar a sua causa. Só após a causa da DE ser determinada é que esta pode ser tratada eficazmente.

Antes de recomendar quaisquer testes, o seu médico irá rever o seu historial médico e realizar um exame físico minucioso. O médico irá também “entrevistá-lo” sobre o seu histórico pessoal e sexual. Algumas destas perguntas serão muito pessoais e poderão senti-las intrusivas. No entanto, é importante que responda honestamente a estas perguntas. As perguntas feitas podem incluir:

Que medicamentos ou fármacos está a tomar actualmente? Isto inclui medicamentos prescritos, medicamentos de venda livre, ervas medicinais, suplementos alimentares e drogas ilegais.

  • Tem tido algum problema psicológico, como stress, ansiedade e depressão?
  • Quando notou pela primeira vez sintomas de DE?
  • Qual é a frequência, qualidade e duração de quaisquer erecções que tenha tido?
  • Quais são as especificidades das circunstâncias sob as quais a DE ocorreu pela primeira vez?
  • Tem erecções durante a noite ou durante a manhã?
  • Quais as técnicas sexuais que utiliza?
  • Existem problemas na sua relação actual?

O médico pode também querer entrevistar a sua parceira(o) sexual, uma vez que esta pode ser capaz de oferecer uma diferente perspectiva sobre as causas subjacentes.

Após o seu exame físico e discussão, o seu médico pode então recomendar qualquer um dos seguintes testes para diagnosticar melhor a sua condição:

Hemograma: Este é um conjunto de análises ao sangue que, entre outras coisas, pode detectar a presença de anemia. A anemia é causada por um baixo número de glóbulos vermelhos e pode causar fadiga, o que, por sua vez, pode causar DE.

Testes de função hepática e renal: Estas análises ao sangue podem indicar se a DE pode ser devida a um funcionamento incorrecto dos rins ou do fígado.

Perfil lipídico: Este teste de sangue mede o nível de lípidos (gorduras), como o colesterol. Níveis elevados podem indicar aterosclerose (endurecimento das artérias), o que pode afectar a circulação sanguínea no pénis.

Teste de função tiroideia: Uma das funções das hormonas da tiróide é regular a produção de hormonas sexuais, e uma deficiência destas hormonas pode contribuir para ou causar DE.

Estudos das hormonas sanguíneas: Os níveis de testosterona e/ou prolactina no sangue podem ser medidos para verificar se existem anomalias em qualquer uma destas hormonas sexuais.

Urinálise: 
A análise da urina pode fornecer muitas informações, incluindo informações sobre os níveis de proteínas e açúcar. As medições anormais destas substâncias podem indicar diabetes ou doença renal, doenças que podem causar DE.

Ecodoppler Vascular Colorido Peniano: Este é talvez o melhor teste para avaliar a DE. Um ultra-som utiliza ondas sonoras de alta frequência para tirar “fotografias” dos tecidos do corpo. Para pessoas com DE, um ultra-som pode ser usado para avaliar o fluxo sanguíneo e verificar sinais de fuga venosa, aterosclerose (endurecimento das artérias), ou presença de placas ou nódulos nos tecidos. Este teste é realizado enquanto o pénis está erecto (geralmente induzido por uma injecção de um fármaco que estimula a erecção) e também enquanto está flácido.

Tumescência nocturna do pénis (TNP): Este teste mede a função eréctil de um homem enquanto dorme. Normalmente, um homem terá cinco ou seis erecções enquanto dorme. A falta destas erecções pode indicar a existência de um problema com a função nervosa ou com a circulação no pénis. O teste utiliza dois métodos, o método do medidor de pressão e o método do medidor de tensão. O método do medidor de pressão é realizado enrolando três bandas plásticas de força variável à volta do pénis. A função eréctil é então medida com base em qual das três bandas se parte. O método do medidor de tensão funciona colocando bandas elásticas à volta da ponta e da base do pénis. Se o pénis ficar erecto durante a noite, as bandas esticam, medindo as alterações na circunferência do pénis.

Biotesiometria do pénis: Este teste envolve a utilização de vibração electromagnética para determinar a sensibilidade e a função nervosa. Uma diminuição da sensibilidade a estas vibrações pode indicar danos nos nervos.

Potencias evocados somatosensitivos do nervo pudendo: este teste avaliada a existência de lesões neurológicas que afetem a condução do nervo pudendo.

GESTÃO E TRATAMENTO

Que médicos tratam a disfunção eréctil? 

O tipo de médico especialista que trata a disfunção eréctil dependerá da causa e gravidade do problema. Com base no seu histórico clínico, o seu médico poderá tratá-lo com medicamentos orais como o sildenafil, vardenafil, tadalafil ou avanafil.

Se estas opções falharem, poderá ser encaminhado para um urologista com diferenciação andrológica, que poderá ajudar com outras opções não cirúrgicas, tais como dispositivo de vácuo ou injecções, ou mesmo opções de tratamento cirúrgico. Se necessário, o seu médico pode também encaminhá-lo para um sexologista.

Como é tratada a disfunção eréctil?

A disfunção eréctil pode ser tratada de muitas maneiras, incluindo: Alteração do seu estilo de vida que contribua para um maior risco cardiovascular. Medicamentos orais. Terapia sexual. Injecções penianas. Dispositivos de vácuo. Medicação intra-uretral. Cirurgia (prótese peniana). Cada tipo tem os seus próprios prós e contras. Discuta as suas opções com o seu médico para determinar o melhor tratamento para si.

O primeiro passo para tratar a DE é encontrar a causa subjacente. Depois, o tratamento adequado pode começar. Há várias opções não cirúrgicas e cirúrgicas que podem ajudar um homem a recuperar a sua função sexual normal.

Que tratamentos não-cirúrgicos existem para a disfunção eréctil (DE)?

Alteração do estilo de vida: É fundamental a perda de peso, com uma alimentação saudável e prática de exercício físico regular, bem como cessação tabágica e redução da ingestão de álcool.

Educação e comunicação: A educação sobre sexo, comportamentos sexuais, e respostas sexuais pode ajudar um homem a superar as suas ansiedades sobre disfunções sexuais. Falar honestamente com a sua parceira(o) sobre as suas necessidades e preocupações pode também ajudar a ultrapassar muitas barreiras a uma vida sexual saudável.

Medicamentos: Medicamentos como o sildenafil, vardenafil, tadalafil ou avanafil, podem ajudar a melhorar a função sexual nos homens, aumentando o fluxo sanguíneo para o pénis. Os homens que tomam medicamentos que contêm nitratos como a nitroglicerina não devem tomar medicamentos para a DE por via oral. A combinação de nitratos e estes medicamentos específicos pode causar tensão arterial baixa (hipotensão irreversível). Os efeitos secundários mais comuns destes medicamentos são o mau estar gástrico, congestão nasal, rubor, dores de cabeça e uma perturbação visual temporária.

Ajudas mecânicas: Ajudas Mecânicas de Disfunção Erétil. Ajudas tais como dispositivos de vácuo e anéis de constrição peniana servem como auxiliares erécteis para alguns homens. Um dispositivo de constrição por vácuo é um cilindro que é colocado sobre o pénis. O ar é bombeado para fora do cilindro, o qual aspira sangue para o pénis e provoca uma erecção. A erecção é mantida através do deslizamento de um anel para fora da base do cilindro e sobre a base do pénis. O anel pode permanecer no lugar até 30 minutos. O dispositivo de vácuo pode ser utilizado com segurança para tratar a maioria das causas de falha eréctil. A falta de espontaneidade, desconforto e incómodo do dispositivo parecem ser as maiores preocupações dos pacientes.

Terapia de injecção peniana (terapia de injecção intracavernosa) Os homens são ensinados a injectar medicamentos directamente nas câmaras de erecção do pénis para criar uma erecção. A terapia por injecção é eficaz no tratamento de uma grande variedade de problemas de erecção causados por vasos sanguíneos, nervos e condições psicológicas.

Usando uma pequena agulha e seringa, o homem injecta uma pequena quantidade de medicamentos no lado do pénis. O medicamento relaxa os vasos sanguíneos, permitindo que o sangue flua para o pénis. Este tratamento tem sido amplamente utilizado e aceite desde o início dos anos 80. Os três medicamentos mais comuns são a prostaglandina E1, papaverina, e fentolamina.

Os efeitos secundários mais comuns são a dor e as cicatrizes penianas (fibrose). Em casos extremamente raros, pacientes com doenças cerebrais e vasculares ou doenças cardiovasculares graves podem não ser capazes de tolerar as tonturas e a tensão arterial elevada ocasionalmente causadas pela terapia por injecção.

Uma erecção dolorosa que dura mais de três a quatro horas é chamada priapismo e pode ocorrer com terapia por injecção. Isto pode ser atenuado com uma dosagem adequada e seguindo as directrizes de tratamento. 

Aplicação intrauretral de creme ou de comprimido: mais recentemente dispomos da aplicação por creme ou comprimido intrauretral de alprostadil, que é menos invasiva que a aplicação intracavernosa injetável.

Psicologia e terapias sexuais: 
As causas psicológicas podem contribuir para disfunção eréctil, mesmo quando existe uma causa orgânica clara. A terapia com um sexologista  treinado pode ajudar a enfrentar sentimentos de ansiedade, medo ou culpa que podem ter um impacto na disfunção sexual.

A terapia sexual pode ser benéfica para a maioria dos homens quando o aconselhamento é fornecido por um terapeuta sexual qualificado. A terapia sexual também ajuda o parceiro de um homem a aceitar e a lidar com os problemas. 
Um paciente cuja DE tem uma causa psicológica clara deve receber aconselhamento de terapia sexual antes de qualquer tratamento invasivo.

Hormonal: Os baixos níveis hormonais de Testosterona podem desempenhar um papel na DE. A reposição hormonal sob a forma de géis tópicos, cremes, adesivos, injecções e pellets só são utilizados após avaliação médica.

Quais são as opções de tratamento cirúrgico da disfunção eréctil (DE)?  

Cirurgia de prótese peniana. As próteses penianas insufláveis são as próteses mais avançadas. Uma vez que fazem parte do corpo de um homem, elas permitem-lhe ter uma erecção sempre que desejar. A utilização de uma prótese preserva a sensação peniana, o orgasmo e a ejaculação para a maioria dos homens.

O implante peniano mais frequentemente utilizado consiste num par de cilindros insufláveis que são cirurgicamente implantados nas câmaras de erecção do pénis. Os cilindros são ligados através de tubos a um reservatório de fluido sob os músculos abdominais inferiores, e a uma bomba dentro do saco escrotal. Para insuflar a prótese peniana, o homem comprime a bomba que está encondida no escroto várias vezes para transferir o fluido do reservatório para os cilindros. Isto faz com que o pénis fique erecto. Quando insuflada, a prótese peniana torna o pénis rígido e grosso, o que é muito semelhante a uma erecção natural.

Uma prótese peniana não altera a sensação na pele do pénis ou a capacidade do homem de alcançar o orgasmo ou ejacular. Pressionar uma válvula de desinsuflação ligada à bomba devolve o fluido ao reservatório, o que devolve o pénis a um estado flácido. 
O procedimento cirúrgico é realizado através de uma ou duas pequenas incisões que estão geralmente bem escondidas. Outras pessoas serão incapazes de dizer que um homem tem uma prótese peniana insuflável. Complicações após a cirurgia são raras, mas incluem principalmente infecção e falha do dispositivo mecânico.

Aproximadamente 95% das cirurgias de implantes penianos são bem sucedidas na produção de erecções que permitem aos homens ter relações sexuais. Além disso, os questionários de satisfação dos pacientes mostram que até 90% dos homens que foram submetidos a implantes penianos dizem que voltariam a escolher a cirurgia, e os índices de satisfação geral são mais elevados do que os relatados pelos homens que utilizam medicação oral ou terapia de injecção peniana.

Agendar consulta
Marcação Rápida: