Infertilidade Masculina
Desenvolvido pela Dra. Ana Cristina Spínola
A probabilidade de um casal atingir uma gravidez naturalmente é de cerca de 20% ao mês, o que representa uma probabilidade cumulativa de 90% ao fim de um ano.
A infertilidade masculina é assim definida pela Organização Mundial de Saúde como a incapacidade de um casal obter uma gravidez após um ano de relações sexuais desprotegidas. Cerca de 15% dos casais procuram tratamento médico para a infertilidade, e estima-se que esse número irá crescer nos próximos anos devido ao aumento progressivo da idade em que se decide ter um filho, pois a idade com maior capacidade reprodutiva ronda os 24 anos.
Em 50% dos casos de infertilidade existem fatores masculinos associados (Tabela 1) e/ou parâmetros anómalos do sémen no espermograma. Isto choca por vezes com a convicção cultural que a mulher é responsável pela maioria dos casos de infertilidade. De facto, é importante considerar o casal como uma unidade, e o estudo ser iniciado pelos dois membros e mesmo de forma mais precoce que os 12 meses quando os elementos do casal têm mais de 35 anos.
A causa identificável mais frequente de infertilidade masculina é a presença de varicocelo. Importante realçar que o status pós vasectomia representa uma causa crescente de infertilidade que pode ser revertida por microcirurgia em casos específicos.
Mesmo assim, e em 30-40% das situações, não são encontrados fatores causais, não existe história prévia de doenças afetando a fertilidade, alterações ao exame físico ou resultados endócrinos anormais, designando-se a situação de infertilidade masculina idiopática. Nestes casos a análise do sémen (espermograma) revela, frequentemente, a diminuição do número de células espermáticas, da sua mobilidade e a presença de formas anormais – síndrome oligoastenoteratozoospermia.
Deve ser sempre enfatizada a importância da avaliação do homem em todas as situações de infertilidade, não só pela deteção de problemas hormonais e de problemas genéticos que terão imenso impacto no futuro, como também pela deteção precoce de neoplasias, como por exemplo do testículo, com altas taxas de cura quando detetada atempadamente.
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Varicocelo
O varicocelo é uma anomalia física comum em 11,7% dos homens adultos e em 25,4% dos homens com análises anormais do sémen e resultante da dilatação varicosa do plexo pampiniforme.
Diagnóstico
O seu diagnóstico é essencialmente clínico, podendo ser necessária a realização de ecografia escrotal e estudo dinâmico com Doppler vascular colorido.
As implicações andrológicas relacionam-se com a falência do crescimento e desenvolvimento testicular ipsilateral, sintomas de dor e desconforto, e infertilidade masculina. Relativamente a esta última não está descrita uma associação exata tendo sido, contudo, verificada uma melhoria da qualidade do sémen após correção cirúrgica.
Estão disponíveis várias as modalidades de tratamento, Tabela 2.
A microcirurgia
A microcirurgia inguinal ou subinguinal, apesar de tecnicamente mais exigente, tem a maior taxa de sucesso na cura do varicocelo, sendo considerada a técnica gold-standard.
Apresenta, face às outras opções terapêuticas, menor taxa de recorrência (0,8-4%) e menores taxas de complicações como o hidrocelo pós-cirúrgico, lesão da artéria testicular ou hematoma escrotal.
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