Corporoplastia para Doença de Peyronie
Na Doença de Peyronie, o objetivo da cirurgia é corrigir a curvatura e permitir relações sexuais com penetração. A cirurgia está indicada em pacientes com deformidade peniana significativa e dificuldade nas relações sexuais associada ou não a disfunção sexual. Nestes casos, os doentes devem ter uma doença estável durante 3-6 meses (ou mais de 9-12 meses após o início da Doença de Peyronie)
Para além desta indicação, existem outras situações que podem justificar o recurso à cirurgia, tais como insucesso das terapias conservadoras ou médicas, placas penianas extensas, ou preferência do paciente, quando a doença está estável.
Antes de considerar a cirurgia reconstrutiva, está recomendado o registo do tamanho e localização das placas penianas, do grau de curvatura, deformidades complexas (dobradiça ou ampulheta), o comprimento do pénis e a presença ou ausência de disfunção erétil
Os potenciais objetivos e riscos da cirurgia devem ser discutidos com o paciente para que possa tomar uma decisão informada. As questões específicas que devem ser mencionadas durante esta discussão são:
– risco de encurtamento peniano; disfunção erétil, dormência peniana e orgasmo retardado, o risco de recorrência da curvatura, potencial de palpação de nós e pontos debaixo da pele, a necessidade potencial de circuncisão no momento da cirurgia, e a curvatura residual. A seleção da intervenção cirúrgica mais adequada baseia-se na avaliação do comprimento do pénis, na gravidade da curvatura e no estado da função eréctil, incluindo a resposta à farmacoterapia em casos de disfunção erétil. As expectativas do paciente da cirurgia também devem ser incluídas na avaliação pré-operatória. O principal objetivo da cirurgia é alcançar um pénis funcionalmente reto, e isso deve ser totalmente compreendido pelo paciente para alcançar os melhores resultados possíveis após a cirurgia.
Podem ser considerados três tipos importantes de reconstrução para a doença de Peyronie
Corporoplastia de encurtamento da túnica albugínea
Corporoplastia de alongamento da túnica albugínea
Implantação da prótese peniana, com ou sem técnicas de corporoplastias, na presença de disfunção erétil concomitante e curvatura residual
A corporoplastia de encurtamento tem a vantagem de ser um procedimento menos invasivo que corrige a curvatura peniana por encurtamento do lado mais comprido e convexo do pénis, com menor risco de disfunção erétil de novo. Temos a maior série de procedimentos realizados e publicado na literatura mundial de corporoplastia de encurtamento com a técnica de Yachia.
Confira aqui o artigo: Lopes I, Tomada N, Vendeira P. Penile corporoplasty with Yachia’s technique for Peyronie’s disease: Single center experience with 117 patients. Urol Ann. 2013 Jul;5(3):167-71. doi: 10.4103/0974-7796.115736.
A corporoplastia de alongamento da túnica albugínea consiste na incisão ou excisão parcial da placa no lado côncavo do pénis, com cobertura do defeito com um enxerto. Embora os procedimentos de alongamento raramente conduzam a ganho de comprimento peniano a longo prazo, eles visam minimizar o encurtamento peniano causado pela plicatura da túnica albugínea, e corrigir deformidades complexas. Na prática as corporoplastias de alongamento são frequentemente combinadas com procedimentos de plicatura ou encurtamento do pénis para corrigir a curvatura residual. Dado ser uma cirurgia muito mais complexa e diferenciada, também o risco de complicações é ligeiramente superior, especialmente se a equipa cirúrgica não tiver a experiência necessária para a realização destes procedimentos.
Confira os nossos artigos publicados:
– Penile lengthening with porcine small intestinal submucosa grafting in Peyronie’s disease treatment: long-term surgical outcomes, patients’ satisfaction and dissatisfaction predictors. Morgado A, Morgado MR, Tomada N. Andrology. 2018 Nov;6(6):909-915. doi: 10.1111/andr.12522.
– Small Intestinal Submucosa Grafting for Peyronie Disease: Outcomes and Patient Satisfaction.Valente P, Gomes C, Tomada N. Urology. 2017 Feb;100:117-124. doi: 10.1016/j.urology.2016.09.055.
O desluvamento peniano com circuncisão associada (como meio de prevenção da fimose pós-operatória) deve ser considerado a abordagem padrão estes tipos de procedimentos, embora a circuncisão nem sempre é necessária (por exemplo, nos casos em que o prepúcio é normal pré-operatório).
Nos doentes com disfunção erétil completa ou disfunção erétil que não responde aos tratamentos médicos, a implantação da prótese peniana pode estar indicada, concomitantemente com a correção da curvatura com técnicas adjuvantes, como a modelagem, plicatura ou incisão/excisão da placa com enxerto.